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Dra. Marcela Verbena - Síndrome do comer noturno

Síndrome do comer noturno


12 | abril | 2019 | Postado por: Dra Marcela Verbena

Em 2013, a Associação Americana de Psiquiatria reconheceu a Síndrome do Comer Noturno (SCN) como um transtorno alimentar. Caracterizada por um atraso circadiano do padrão alimentar mediado por alterações neuroendócrinas, ainda não existem critérios diagnósticos definidos para identificar a síndrome.

Basicamente, o indivíduo apresenta um aumento do consumo alimentar no período da noite, dificuldade para adormecer caso não realize a ingestão de algum alimento e, consequentemente, perda de apetite pela manhã.

Em geral, caracteriza-se por um aumento da necessidade em comer ao anoitecer e principalmente ao longo da noite de sono, com recorrentes despertares para comer. Pequenos lanches são realizados nestes despertares e rapidamente o sono é reiniciado. Não raramente, alimentos que usualmente não fazem parte da alimentação habitual do indivíduo são consumidos durante estes episódios.

O comer noturno difere do Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), pois não há descontrole total da ingestão alimentar. Embora episódios de compulsão possam ocorrer no período noturno, na SCN a sensação não é de perda de controle sobre o quanto se está ingerindo e sim sobre a urgência e a necessidade em comer, que ocorre com ingestão de pequenas quantidades de alimentos durante o episódio.

Caso seja evitado o consumo alimentar, raramente se consegue reiniciar o sono, instalando-se a insônia. Segundo os estudos, estes despertares ocorrem em média até seis vezes ao longo da noite, trazendo como consequência um sono de má qualidade e não reparador. Além disso, devido ao consumo alimentar à noite, desperta-se sem sensação de fome, dificultando a alimentação do café da manhã.

Os fatores neuroendócrinos da Síndrome do Comer Noturno se relacionam com alterações do ritmo circadiano de secreções endócrinas, como a do cortisol e da melatonina. Além disso, os níveis plasmáticos noturnos da leptina parecem ser mais baixos, o que pode contribuir para a menor inibição de impulsos de fome que levem à interrupção do sono. Também, dados de estudos comparativos mostraram que os níveis de cortisol diurnos se encontram mais elevados em sujeitos com SCN.

Referências:

HARB, Ana Beatriz Cauduro et al. Síndrome do comer noturno: aspectos conceituais, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Revista de nutrição= Brazilian journal of nutrition. Vol. 23, n. 1 (jan.-fev. 2010), p. 127-136, 2010.

MARQUES, Sara Isabel Pires. Perturbação de ingestão compulsiva, alimentação emocional e síndrome do comer noturno: um estudo comparativo entre sujeitos com peso normal, excesso de peso e obesidade. 2013. Tese de Doutorado.

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